Capitulo 7 - 8

09.08 - Improvavel, parte 2 - 8:20

Querido Diário,

não acredito no que estou prestes a fazer.
É algo que eu nunca imaginei que faria.
Eu não vou prestar atenção na aula!
Isso para mim é algo simplesmente inapropriado. Sempre pensei que esse dia não fosse chegar. Mas acontece que eu preciso continuar descrevendo o que aconteceu sábado e ainda preciso contar sobre domingo. Que é mais emocionante. E como eu não consigo para de sorrir sobre, melhor eu escrever do que ficar sonhando acordado.

Agora vai ser aula de química e convenhamos de que não preciso ver.

Ok, vou voltar com aquele jeito de narrar em terceira pessoa, colocando alguns comentários pessoais entre parenteses, certo?


Naoyuki ficou sorrindo por dentro, por ter ganhado um ingresso de Shinji. Ficaram esperando os outros três na parte de dentro do cinema.
Ambos não falavam nada, mesmo estando um ao lado do outro. Shinji mexia no celular enquanto Naoyuki estava distraído olhando as pessoas ao redor (foram os cinco minutos mais longos da minha vida.). 
- Então, nosso filme começa agora. - Amane falou olhando em volta - Aonde será que eles estão? Aqueles idiotas, se me fizerem perder o filme...
Mal terminou de falar os amigos de Amane Shinji entraram pela porta.
- Desculpa a demora. Ela não tinha troco para a nota de cem do Takashi.
- Que culpa eu tenho se só ando com notas grandes? - ao acabar de falar, ele encarou Naoyuki levantando uma sombrancelha e analisando-o de cima abaixo - E você quem é?
- Meu nome é..
- Nós já apresentamos ele pra você, se não prestou atenção a culpa é sua. - Shinji foi grosso e indelicado (Por mais que não goste desse tipo de atitudes, fiquei feliz por ele ter me defendido)
- ENTÃÃOOOO - Hiroto começou a falar - Nós temos que ir, nosso filme vai começar agora.
- Verdade - concordou Kazamasa - sala 14 é pra lá - continuou e foi seguindo para a esquerda.
- Sala 14? - falou baixo Murai.
- Qual o problema? - Takashi retrucou, só não continuou porque viu Shinji olhando para ele de uma maneira feia.
- A nossa sala é a 6. - Naoyuki falou mostrando o ingresso.
- Como assim? - Takashi arrancou o ingresso da mão de Naoyuki para olhar - Seu idiota! Era a sala 14!
Sem cerimonias Shinji arrancou o ingresso de volta.
- Não é não. Sala 14 foi do sábado passado, hoje era a 6.
- Não era não! Não é Hiroto? - quando ele terminou a pergunta os três viraram a cabeça e viram Hiroto e Kohara se afastando.
- Er.. na verdade Takashi, era a sala 6 hoje. Mas você não quis nos escutar. Então vou comprar pipoca. - e saiu correndo puxando Kazamasa pela mão.
Shinji e Naoyuki trocaram olhares e enquanto Naoyuki olhava para outro lado, Shinji olhou para Takashi com um ar de superioridade.
Sakamoto virou as costas bruscamente e saiu andando pesado.
- Desculpa, eu posso ir embora se for melhor.
- Nem pense nisso - Shinji colocou a mão em cima da cabeça de Naoyuki - ele só estava com ciúmes.
- Ciumes de que? Porque? Não fiz nada! (Fui totalmente impulsivo a falar isso. Mas não me arrependo nem um pouco.)
- Porque eu chamei você. - ele fez um cafuné no cabelo de Murai e se virou para ir em direção a sala. - Você não vem? - Shinji perguntou para Naoyuki que havia continuado parado, super envergonhado.

Chegaram na sala, Shinji entregou os dois ingressos e Naoyuki não conseguia deixar de ficar vermelho. Se dirigiram para a última fila e sentaram um ao lado do outro.
Logo antes das luzes apagarem, Shinji levantou o apoiador de braço.
(Não da pra narrar essa parte. Meu coração veio na boca quando ele fez isso ok. Ele disse que não gosta de se sentir apertado e levantou o outro. Mas mesmo assim, meu coração batia muito rápido e eu até então não sabia porque)
O filme começou e Naoyuki ainda estava meio tenso. Estava estalando os dedos de nervoso, mas no momento em que se concentrou no filme conseguiu relaxar e soltou as mãos deixando-as cair do lado.
Mas no momento seguinte seu coração parou. (Parou mesmo ok) 

Ele não conseguia mexer o rosto, seu coração começou a disparar. Não queria mostrar que estava se importando, então olhou de canto de olho e confirmou o que estava sentindo que não era apenas impressão, realmente estava acontecendo. 
Shinji havia colocado a mão em cima da mão de Naoyuki.
(EU QUASE SURTEI!! Sentir a mão dele pesando sobre a minha, foi uma sensação tão boa. Logo depois, ele virou minha mão levemente e entrelaçou nossos dedos, fez um carinho com o dedão na minha mão, que eu retribui com outro carinho. Ficamos assim o resto do filme inteiro. Nunca fiquei tão feliz vendo um filme. Foram os melhores minutos ever.)
(Apesar de bem feliz nem preciso dizer que agora estou muito confuso né? Nunca me senti assim antes, não sei explicar essa onda de sentimentos que estou sentindo)

O filme acabou e os dois continuaram sentados olhando os créditos. Ainda com os dedos entrelaçados. 
Todos já haviam saido da sala, enquanto os dois ainda olhavam a tela preta. Quando a luz acendeu, eles olharam um para o outro
- Então - nossos olhos se cruzaram - gostou do filme? - Shinji perguntou.
Naoyuki estava prestes a responder quando o celular tocou.
Murai tirou o celular do bolso da calça e atendeu com um pouco de desgosto.
Era seu pai avisando que não era pra chegar em casa tarde, mas que ia jantar em algum lugar com a esposa amada que era pra ele encomendar comida.
Quando desligou, Amane Shinji já estava em pé com ambas as mãos nos bolsos da calça.

Sairam silenciosamente da sala, sem trocar nem uma palavra quando avistaram os amigos de Amane esperando do lado de fora.
Quando foram chegando perto Takashi virou e saiu andando.
Naoyuki abaixou a cabeça apertando os cadernos com as duas mãos totalmente sem graça.
- Vamos Shinji? - o lider do grupo perguntou fazendo um sinal com a cabeça.
- Você vem Nao? - Shinji virou o corpo para falar com ele.
Murai levantou a cabeça incredulo.
- Nao?
- É. Nao é mais curto que Naoyuki.
- Então você vai?! - Hiroto perguntou apressadamente aparecendo por trás de Shinji.
- Não, vou pra casa. Demoro para ir a pé.
- Você mora aonde? - Kazamasa quis saber curioso.
- A umas cinco quadras do colégio.
- TA MALUCO DE IR A PÉ? - Hiroto gritou meio nervoso.
- Eu vim a pé, então volto a pé. Não quero pegar o taxi, é muito caro.
- Vai sozinho? - Kohara parecia preocupado.
- Vou. Meus pais estão jantando em algum lugar por ai. Da para voltar tranquilo.
- Eu vou com você. - a voz firme de Shinji calou a todos.
- Mas.. eles estão te esperando para sair.
- Um dia a menos não vai fazer diferença. Nos vemos segunda - ele falou se virando - vamos? - e foi andando.
- Claro. - Naoyuki estava super envergonhado - Foi um prazer conhecer vocês e ele. - falou apontando com a cabeça para Takashi que estava sentado ao longe esperando.
Quando Saga viu que Shinji não vinha levantou apressado e começou a andar na direção contrária.
Murai se apressou um pouco para alcançar Shinji.
- Segunda? Você não disse que não fica com eles na escola?
Amane Shinji sorriu gentilmente.
- Depois você entende. 

Eles começaram a andar lado a lado. Depois de uns dez minutos de silêncio, começaram a conversar sobre o filme. Naoyuki falou sobre sua paixão por desenhar e Shinji sobre seu dom nos esportes. O papo parecia fluir tranquilamente agora que eram apenas os dois. 
Foram conversando o caminho inteiro, até avistarem a casa de Naoyuki.
As luzes apagadas indicavam que ainda não tinha ninguém em casa.

Naoyuki parou em frente a porta e virou para despidir de Shinji.
Ele estava bem perto. (Muito perto!)
- Eu me diverti, obrigada.
- Não foi nada. Lembre-se, de não falar com eles no colégio.
- Porque isso afinal?
Shinji suspirou encostando as costas na porta.
- É complicado.
- Quando se sentir confortavel, você me conta - Naoyuki deu um sorriso bem agradavel.
Ficaram mais uns minutos em silêncio até Murai ter coragem de falar.
- desenho.
- que?
- quero dizer - Nao mal começou a falar e já ficou sem graça - será que posso te desenhar?
- olha só, dessa vez você pediu. - Tora soltou um risinho enquanto dava um passo mais a frente - pode. O que eu tenho que fazer?
- nada mesmo. - Naoyuki deu um passo para trás encostando as costas na porta - só você ficar sentado em algum lugar já vai ser ótimo.
- bem - ele deu mais um passo para frente- O que vai fazer amanhã?
- Acho que nada de importante. Porque? (Só sei que comecei a respirar descompassado)
- Quer ir ao aquário comigo? Já que você é novato, ainda não conhece as coisas por aqui. Ai você aproveita e me desenha. Já que você anda para cima e pra baixo com isso dai - ele falou apontando a cabeça em direção aos cadernos.
- Seria muito legal.
- Certo, passo aqui de manhã. - Shinji falou indo em direção a rua, até o momento em que ele se virou e encarou Naoyuki - você tem algum para mim? - ele disse dando um passo a frente.
- Um o que?
- Um apelido - ele respondeu dando outro passo para frente - se você não achar um, eu paro de te chamar de Nao - Shinji deu mais um passo a frente, e estava bem perto de Naoyuki a ponto de poder sentir a sua respiração.
- Tora. Eu tinha pensado em Tora.
- Ah é? - Shinji deu de ombros dando outro passo, fazendo Naoyuki tentar ir para trás mas reparando que não tinha onde ir - Desde que só você me chame assim, Nao.
- Tudo bem, Tora. - Naoyuki engolia seco.
Shinji foi aproximando o rosto lentamente do de Naoyuki. Quando ele se inclinava, Nao piscou e ao abrir os olhos Tora estava no chão com um cachorro enorme em cima do seu peito.
- Teko!!- Nao tentou segurar o cachorro, mas ele estava tão feliz que não parava de pular e lamber ambos.
- oi vira-lata - disse Shinji enquanto se levantava e limpava a baba do rosto - Nos vemos amanhã. - ele virou e foi embora limpando a roupa.

Entrei em casa correndo, segurando o Teko pela coleira e fiquei estatico. Só voltei a realidade quando meu cachorro começou a chorar porque estava com fome. Coloquei a ração dele, encomendei minha comida e fiquei no sofá da sala vendo televisão. Mas a verdade é que eu não prestava atenção em nada que estivesse passando. Não sei quando foi a última vez que fiquei tão animado de sair para algum lugar com alguém. Depois de jantar, conversar com meus pais e brincar com o Teko subi correndo direto para o meu quarto e me taquei na cama, queria que domingo chegasse logo.

E aqui estou eu, segunda-feira pós domingo. Estou vivo. 
Nossa, perdi os dois primeiros tempos de aula.
Já estamos entrando no terceiro tempo e eu ainda escrevendo.
Vou parar um pouco e quando chegar em casa continuo.
Tora disse que nos veriamos hoje, mas até agora ele não apareceu na sala de aula. Será que ele está arrependido de ontem?



- Murai Naoyuki









09.08 - Improvavel, parte 3, final 12:40



Diário querido,

não consigo esperar até chegar em casa.
Além do que o professor depois do intervalo faltou e estamos tendo tempos de Educação Fisica. Algo sobre ele estar tendo um filho ou o filho estar morrendo, não entendi muito bem. Só sei que envolve filho e dor.
Mas ao contrário daquela Educação Fisica maldosa do outro dia, essa é totalmente livre. E meio que tenho a sensação de que se eu me recusar a fazer algo verbalmente não serei repreendido.
Eu estou aqui sentado na arquibancada vendo alguns meninos jogando bola, meninas ali se maquiando e falando de garotos. Como eu sei? Elas olham pra eles, cochicham e riem. Queria saber sobre quem elas falam, porque não falam de falar um minuto se quer.

Mas voltando ao principal, ainda não vi o Tora hoje. E ontem de noite ele disse que era pra eu encontrar com ele depois de aula de bateria. Mas como se ele nem veio ao colégio? Acho que tudo o que aconteceu ontem não significou nada pra ele. Ele definitivamente deve ter se arrependido e eu achando que podia ser diferente.

Vamos ao que aconteceu ontem. Eu e Shinji fomos ao aquário e esse foi o fim de domingo.

Tá tá, não é porque estou meio chateado no momento que não vou escrever direito.
Lembrando: narração em terceira pessoa, comentários entre parenteses ok?


Naoyuki mal conseguiu dormir de sábado para domingo.
A ansiedade era tanta para aquele dia que prometia ser ensolarado, com o céu azul e passaros cantando.
Uma meia hora depois que Murai filho chegou em casa, Murai pai e esposa chegaram em casa. Praticamente junto com a janta do filho sendo entregue. Os três sentaram juntos na frente da televisão enquanto Naoyuki comia,aproveitaram para conversar um pouco.
- Eu encontrei uns meninos do colégio na rua, acho que fiz amigos.
- Sério meu bebê? - ela apertou o rosto de Nao contra seu corpo - que bom! Fico muito feliz por você!!
- Amor - foi falando calmamente Murai - assim ele não respira - e separou os dois.
- Bem.. cofcof.. amanhã eles me chamaram para ir ao aquário, já que sou novo por aqui. Posso ir?
- Super apoiado por mim! Vou preparar um lanche para amanhã - com essa frase ela levantou e saiu da sala cantarolando.
- Como vocês vão?
- Eu não sei. O Tora disse que ia me pegar aqui cedo.
- Tora?
- É. - tentei ao máximo não corar - ele sabe que não sei ir e por isso vai vir aqui.
- Hum, e voltam que horas? - Murai é o tipo de pessoa que gosta de saber todos os detalhes, deve ser alguma mania do trabalho.
- Ainda não sei. Não se se vamos a pé ou pegar um onibus.
- Vou deixar dinheiro em cima da escrivaninha. Não volte tarde. Eu e sua mãe vamos ao teatro, iamos te chamar, mas agora não dá mais.
- Ah, vamos outro dia! (eu gosto de teatro, gosto muito. mas quando iria ter outra chance de poder desenhar Shinji como eu bem quisesse?)
- Boa noite filho - levantando-se deu um beijo na teste de Naoyuki.
- Boa noite pai - foi o que Naoyuki falou, se levantando e indo na direção do seu quarto o se jogou na cama e ficou rolando sem conseguir tirar o que havia acontecido no cinema da cabeça.
( Fiquei enrolando muito tempo. Quando consegui juro que vi o sol nascendo.)

Naoyuki acordou caindo da cama com sua mãe batendo na porta dizendo que seu amigo o esperava na andar de baixo. Ele mal podia acreditar no que estava ouvindo atraves da porta. Quando percebeu que estava estirado no chão foi quando se tocou no que sua amada mãe tinha acabado de dizer. Tentou levantar umas três vezes, mas caia sempre. (Foi patética essa cena ok. Eu tentando levantar e não conseguindo, foi horrivel. Só sei que eu coloquei uma blusa qualquer, a calça jeans e joguei uma água no rosto e fui descendendo correndo me calçando, ou melhor, tentando me calçar.)

Ao chegar no fim da escada Nao se surpreendeu com o que viu. Amane sentado no sofá, com as pernas cruzadas e braços para trás, rindo descontraidamente com sua mãe. Antes que pudesse terminar o pensamento a única coisa que veio a cabeça foi:
- Aonde está papai? - Murai perguntava meio nervoso, com a mão apoiada na parede.
- Poxa, também é bom ver você! - Shinji falava sarcasticamente, com um olhar sério, mas um sorriso no canto dos lábios - Bom dia Bela Adormecida.
- Ele foi ao mercado querido! - essa era sua mãe falando, com aquela voz angelical, enquanto tirava os copos da mesa - pedi para ele comprar umas coisas para mim e enquanto isso seu amigo estava me fazendo companhia.
   Antes que pudesse falar algo mais, a porta da frente se abriu, entrando correndo na frente Teco e seu pai atrás andando devagar. Quando Murai pai viu Amane, que a essa altura já estava em pé, o rosto fechou um pouco.

- E você é... ? - Murai pai perguntou num tom seco, olhando Shinji de cima abaixo, reparando na blusa preta com desenhos estranhos e na calça rasgada.
- Meu nome é Amane Shinji, muito prazer senhor. - ao terminar de falar, ele fez uma reverencia, expressando um sorriso de satisfação.
- Ah sim, você deve ser o amigo de meu filho.
- Sim, do seu filho.

Parecia que algo maior estava acontecendo naquele momento. (Isso é sério, eu fiquei sem entender, mas juro que vi faiscas) Antes que pudessem continuar a tentar conversar, a querida Haruna adentrou na sala, ficando entre os dois.

- Ai que bom que voltou querido! E trouxe o que faltava! Agora que já conheceu Shinji venha me ajudar com os lanches! - mal terminou de falar, foi puxando seu marido pelo braço cozinha a dentro.

- O que você tá fazendo aqui? - Naoyuki perguntou cutucando o braço de Shinji. (ok, reconheço que fiquei meio nervoso e por isso foi bem idiota.)
- Achei que iamos sair - a voz dele era bem séria, enquanto me olhava sem mudar a expressão.
- Mas tinha que entrar? - Murai começou a ficar um pouco envergonhado (ok, muito) e vermelho enquanto falava.
- Então vou embora - Shinji falou sem cerimonias, se virando para a porta já começando a andar.
(Nessa hora que pareço idiota.)
- NÃO! - Naoyuki gritou enquanto puxava Amane pelo braço.
- O que aconteceu? - Essa é a mãe de Naoyuki gritando preocupada, aparecendo na porta correndo.
Mas antes que ela pudesse ver algo, Shinji empurrou o menor para o lado, ficando na frente dele.
- Eu estava dizendo ao Naoyuki, que iria ajudar a bela senhorita a terminar os lanches. - ao terminar de falar, Shinji sorriu tentando não parecer convencido, enquanto encarava Murai pai olhando de cara feia.

- naoyuki..? - Murai filho disse durante um suspiro, começando a andar atrás de Shinji.
Inesperadamente, Shinji virou, segurou o queixo de Naoyuki levantando-o, olhando bem nos olhos. (Só de lembrar me arrepio todo.)
- Nao, só chamo eu. - E se virou. Sem mais nem menos. Chegou na cozinha como se nada tivesse acontecido. Enquanto Haruna parecia preocupada achando que o filho teria febre por quão vermelho ele estava. (Honestamente não sei como meus pais não viram isso. Foi tão rápido)

- Voltam que horas? - Kuroi era preocupado por natureza, ainda mais quando se tratavam do filho amado. 
- De tarde para noite - Shinji respondia todas as perguntas rápido, como se já estivesse com as respostas na ponta da lingua.
- É longe?
- Uns trinta minutos.
- É cheio?
- Bastante.
- Vão ter meninas com vocês? (Sabe o tipo de pergunta que envergonha a gente? Meu pai é craque nelas)
- Não, serão só nós. (Observem que ele disse nós e não amigos e tal, eu praticamente sorri mas tive que controlar)
- Ah que penaaa! Queria que meu garotão arranjasse uma namorada.
( E foi nesse momento que eu vi algo que nunca achei que veria. O rosto sorridente do Tora fechou como uma tempestade a noite em alto mar. Consegui ve ele serrando um punho e se controlando para não falar nada. Engolindo seco ao mesmo tempo mantendo um sorriso muito simples no rosto. Não tenho certeza, mas se fosse para adivinhar, diria que ele ficou com ciúmes.)
- tinha umas meninas que gostavam dele na antiga escola mas ele sempre foi muito estudioso.
- verdade?
- Vou pegar a mochila! - Como sempre a mãe de Naoyuki sempre interrompia no momento mais apropriado.

(Depois disso foi meio engraçado. Minha mãe contanto histórias embaraçosas de mim quando pequeno, enquanto nós quatro preparavamos os lanches. Tora na dele e meu pai ainda falando de meninas e tal. Nem vimos a hora passar. Não tenho certeza de que hora ele chegou lá. Sei que quando foi lá para as onze, Tora virou e falou que deveriamos ir.)

- Ir aonde? - perguntou apressadamente Murai pai.
- Ao aquário senhor. Por isso vim até aqui hoje. - Shinji falava sem olhar para Kuroi enquanto guardava os vários sanduiches de peito de peru com requeijão na mochila que Haruna havia pego (Meu pai não gosta de pessoas que não falam olhando no rosto, nunca gostou.) - Nossos amigos já estão nos esperando desde as dez.
- Oh tadinho! Então vão logo! - Murai Haruna era a única que parecia animada com a ideia do filho sair sem os pais. Ela foi empurrando os dois, dando a mochilha para Naoyuki. Já estavam quase saindo, sendo empurrados casa a fora quando Kuroi falou com uma voz séria.
- E como vocês vão para lá? - foi uma pergunta que os pegou de surpresa, mas antes que Naoyuki pudesse tentar falar algo Shinji foi mais rápido.
- Com a minha moto - desse vez Amane encarou Murai pai nos olhos, sem medo sem nervoso sem nada. Apenas o encarou esperando alguma resposta que pudesse retrucar da forma mais mal agradecida que podia.

Mas milagrasomante, Kuroi nada mais disse além de um "Tomem Cuidado" que foi dito de uma forma bastante seca.

Logo após a porta fechar atrás deles os dois jovens se dirigiam ao portão de entrada. Quando sairam da propriedade, Naoyuki suspirou aliviado, enquanto Shinji continuava sério.

- Ahm... Shinji? - Naoyuki chamava baixo, então não sabia dizer que ele o estava o ignorando ou apenas não escutando.

Amane apenas se dirigiu a moto, pegando o capacete que estava preso no guidão.

- Shinji? - Naoyuki se aproximou devagar, cutucando levemente o ombro de Shinji.
   Shinji virou bruscamente, empurrando a mochila contra a barriga de Naoyuki.
(Eu realmente fiquei assustado, porque foi muito repentino. Ai o que eu fiz? Travei simplesmente. Acho que devo ter ficado com uma cara meio assustada. Ok bastante. Porque ele pegou o capacete que estava dentro do banco, me entregou e sentou na moto sem falar mais nada. E fomos em silêncio até o aquário.)

O trajeto de moto demorou quase uma meia hora, foi a meia hora mais demorada na vida de Naoyuki. (Estou reparando que quando estou com ele a hora parece demorar a passar)
Mal sabia ele, que o dia ainda estava cheio de surpresa.

   Ao chegar no aquário, Naoyuki não ficou muito feliz com o que viu. Enquanto tirava o capacete e devolvia a Amane, Murai viu que no estacionamento tinha um grupo de preto, encostado num carro também preto. Infelizmente ele reconheceu alguns daqueles como os que andavam com Shinji na escola. Quando Amane hvaia falado que os amigos os esperavam Nao tinha achado que era só para o pai de Nao parar de fazer perguntas, não esperava encontrar ninguém por la.
   Ainda sem trocar uma palavra com o outro, ambos se dirigiam até a bilheteria. Murai ficou esperando Shinji lhe pedir o dinheiro, coisa que ele não fez. E como fez com a mochila, Amane empurrou o ingresso contra o peito de Naoyuki. E naquele momento Murai sentiu que as coisas não poderiam piorar.

- Shinji!! - uma voz grossa chamada pelo nome dele.
Shinji virou para olhar quem o chamava, já levantando o braço para comprimentar.
- OEE! - ambos andaram na direção um do outro, fazendo um comprimento com as mãos e já rindo ao falar.

  Naoyuki se sentiu meio (MEIO?) incomodado, porque quase nunca via Shinji rir. O resto do grupo, começou a se juntar ao redor dos dois, enquanto Nao estava na entrada observando Tora com os outros. Naoyuki reparou como Shinji parecia com eles. Com aquela calça rasgada no joelhos, com a blusa preta com uma imagem de uma banda e o cabelo despenteado. A sensação ainda era diferente mas não dava para negar que faziam parte do mesmo grupo.
Murai continuou olhando de longe por mais uns minutos começando a se sentir cada vez mais fora do grupo. E as poucos foi se afastando, até que quando percebeu já estava dentro do aquário, longe deles.

Começou a andar pelo lugar, mesmo sem prestar atenção em nada, parando para olhar um ou outro aquário. O lugar era enorme. Praticamente todas as paredes eram aquários diferentes, com alguns bancos pelo lugar, salas especiais com peixes especiais. Em frente a cada aquário, tinha uma placa onde era contava a história de cada peixe e algumas curiosidades sobre tal espécie. 
   Quando Naoyuki parou para ler sobre o tubarão branco, que apesar de ser uma grande ameaça apenas cauda cinco mortes ao ano, escutou algo que não esperava. Era uma sala exclusiva para ele e contiam apenas 3 tubarões ali que eram uma família. 

- Ai está você!
Naoyuki virou surpreso, vendo Shinji se aproximar, ofegante.
- O que deu em você de sair andando? Sabe o quanto esse lugar é enorme? - ele falava irritado, chegando mais perto de Naoyuki a medida que falava respirando pesado.
- Eu.. eu... - Murai não conseguia retrucar, apenas dando uns passos para trás e amassando com ambas as mãos o guia do local.
- Você tem um parafuso a menos? Porque não me esperou? - O seu olhar zangado só ia deixando Naoyuki mais nervoso.
- Porque você estava com seus amigos... - foi com muita coragem que Naoyuki conseguiu dizer isso.
  Murai ainda olhava com um pouco de medo, e viu o que não esperava. (O dia cheio de surpresas *risos*) O olhar de Shinji de muito zangado passando, para carinhoso.
- Seu idiota! - mal terminou de falar, pegou Naoyuki pelo pulso direito e começou a puxar em direção a uma sala dedicada aos peixes do fundo do oceano que Naoyuki ainda não tinha ido.

- Ei!!
Shinji o parecia ignorar, sem parar de andar ou puxar.
- Shinji! Está me machucando. - algumas pessoas começavam a olhar, o que fazia Naoyuki ficar mais ainda vermelho.

Quando atravessaram um lugar com uma cortina que se fazia de porta, Naoyuki falou com muita força.

- TORA! 

Naquele instante Shinji parou, soltando o braço de mais baixo. Aonde estavam era um lugar mais escuro, pois os peixes que ali estavam, eram aqueles mesmo encontrados no fundo do mar. Então quanto mais escuro, mais poderiam reproduzir sua própria luz.

- Aqui, é o lugar que eu mais gosto. - Tora começou a falar olhando para um dos aquários - Sempre gostei de vir aqui e ficar sozinho, era o único lugar que eu conseguia ser eu. Além de um outro lugar. - ele se virou para Naoyuki, puxando ele pela blusa para se aproximar - Aqui eu conseguia pensar, conseguia respirar, conseguia ser eu mesmo, sem ninguém me pertubando - puxou de novo Naoyuki para mais perto - Ai você apareceu.
(Preciso dizer que estava mais vermelho que tomate?)
- Chegou quieto, sem falar nada e ficou me olhando. E eu não sabia porque. Quando fui falar com você, estava curioso para saber o nome do garoto novo, mas você achou que ia brigar com você por causa dos cigarros. Depois, achei seu caderno de desenho, e quando me vi lá, sorri. Não sei porque mais sorri. Tanto que deixei um bilhete dentro, já que não sabia como falar com você. E depois, eu estava no meu trabalho e você apareceu lá. Tão perdido nos seus pensamentos, só pensando em desenhar. Quando eu falei do cinema, era para ver que tipo de cara você era, porque parecia me interessar tanto por você. Mas até agora ainda não tenho resposta.
(Agora eu me arrepio só de lembrar)
- Mas... - ainda segurando a camisa do mais baixo, Tora foi chegando seu rosto perto lentamente, sem tirar os olhos dos olhos de Nao - eu adoraria descobrir o porque - quando terminou de falar, ele aproximou mais o rosto, inclinando um pouco para baixo, chegando a milimetros de distancia de Nao, quando parou e fez a última pergunta - Eu posso?
Naoyuki o olhava vermelho e sem palavras, só conseguiu balbuciar uma única palavra.
- Po..pode... - mal terminou de falar, o mais alto terminou de se aproximar, encostando os lábios para um  beijo apaixonado durante segundos. (Podem ter sido poucos segundo mas foram maravilhosos! A boca dele é fina, mas é tão macia. Nem acredito no que estou dizendo mas é a pura verdade.)
Aquele beijo durou quase um minuto, até Tora reparar como Naoyuki estava envergonhado, pegou as mãos dele e colocou sobre o próprio pescoço, enquanto suas mãos, passou pela cintura do mais baixo. 
Tora foi inclinando a cabeça para o lado, começando a abrir um pouco a boca, para que o beijo aprofundasse mais.
(Ta bom, essa parte eu não preciso contar, já conseguiram entender. Acho que ele percebeu que eu era novo nisso, e foi bem devagar. Da nervoso de falar da língua dele e a minha, mas foi algo que eu nunca vou esquecer.)

Quando o beijo (infelizmente) acabou, Tora puxou Nao pela mão, dessa vez delicadamente, para sentarem em dos bancos que ali tinha. Tora sentou numa ponta e Nao acabou que sentando pelo meio. O mais alto não deixou por muito tempo. Puxou pela calça, para que ficasse mais perto. (Foi extremamente fofo esse ato, tenho quase certeza de que ele ficou meio sem graça também, mas ficamos ali, um do lado do outro.)

Dessa vez o silêncio não era o vilão. Tora colocou o braço ao redor de Nao, apoiando a cabeça na dele. E ficaram assim por quase uma hora, até Murai interromper.
- Quer um sanduiche? - ainda estava muito vermelho, enquanto perguntava.
- hum, pode ser. - Tora tirou, lentamente o braço de volta de Nao, para que esse pudesse tirar a mochila.
O tempo de tirar a mochila e colocar sobre o colo foi rápido, o que deu coragem a Nao de sugerir algo a Tora.
- Se quiser, pode colocar de novo... - nem levantou o rosto para falar, enquanto pegava os sanduiches, e colocava a mochila ao lado, no banco.
- Mas e ai, como vou comer?
- Ah... é mesmo... deixa ent... - Tora não deixou Nao terminar a frase, segurou no queixo do menor virando para si e tascando-lhe um beijo.
- Desembrulha para mim, Nao - Já foi colocando o braço de volta ao terminar de falar. 

Ser chamado daquele jeito fazia Naoyuki, dar risos a toa. Desembrulhou ambos os sanduiches, entregando a Tora, que segurou apenas com a esquerda, enquanto com a direita, puxava Nao para mais perto.
O silêncio já parecia virar parte da rotina, pois comeram em silêncio. Dessa vez quem quebrou o silêncio foi Tora.

- Por acaso tem algo para beber ai? - perguntou tirando o braço e se esticando.
- Não, mas tenho dinheiro! - Naoyuki falou sorrindo.
- Eu chamei, eu pago. - Tora, levantou esticando a mão para Nao.
Nao segurou a mão de Tora que o ajudou a levantar, puxando o pequeno para mais um beijo demorado.
(Eu estava tão envergonhado, que tenho vergonhada do quão envergonhado estava)

Tora segurou a cortina para que Nao pudesse passar por ali.
(Quando eu sai, fiquei esperando por ele. E logo quando ele saiu, adivinhem só? Os amigos do estacionamento. Eu que estava rindo, fiquei com o rosto fechado. Mas ele fez a coisa mais linda. Quando eles se aproximaram, perguntando se ele não ia na festa com eles, ele me abraçou por cima, por assim dizer. Colocando o braço pelos meus ombros, como se abraçasse meu pescoço e negou da forma mais linda e simples dizendo "não" e que tinha outros planos. Os amigos se entreolharam, deram de ombros e foram embora. Nem preciso dizer que fiquei prendendo o sorriso)

Quando os amigos de Tora se afastaram, ele se inclinou sobre Nao, sussurrando ao seu ouvido.
- Não prende o sorriso, acho lindo.

(Pronto, para que ele precisava dizer aquilo. Continuei sorrindo de orelha a orelha. E foi assim durante o resto do passeio. Passamos por todas as salas e sempre que não tinha ninguém ele vinha e me dava um beijo. O que fazia eu sorrir mais e ficar mais vermelho. Quando chegamos na parte das águas vivas ele ficou tão distraído com elas que peguei meu caderno e comecei a desenhar ele em pé apreciando a vista. Lá para as cinco da tarde, o aquário já estava quase fechando e resolvemos ir embora. Dessa vez, ele não me jogou o capacete, que para ser sincero doeu um pouco. E o caminho de volta fomos rindo e comentando sobre os peixes estranhos que vimos. E o caminho foi muito bem até chegar na minha casa. Sabe eu desci da moto e estavámos nos despedindo, ele nem tirou o capacete acelerou e foi embora. E eu fiquei sem entender, e ainda estou. Durante o caminho de volta, ele comentou que nos veriamos no colégio, depois da minha aula de bateria mais ainda essa hora ainda não chegou.)

Naoyuki voltou um pouco cabisbaixo para casa, mas logo que entrou voltou a sorrir para que seus pais não dissessem nada.



E foi isso! Foi essa tarde maravilhosa que tive com ele ontem. Mas hoje ele não está aqui.
O estranho, é que os amigos dele de sábado também não estão aqui. Mas os de domingo estão. Vou continuar esperando já que ele disse que era depois da aula de bateria.

Não quero perder as esperanças de que ele vai vir.
Mas bem, essas esperanças vão ter que adiadas, porque a aula acabou e já estão voltando para a sala.
Que bom que só tem mais essa aula e em seguida aula de bateria.
Já estou com saudades de seguras as baquetas e tocar.



- Murai Naoyuki


2 comentários:

  1. Posta mais pfvr ;___;
    quero saber o que vai acontecer depois da aula tipo a g o r a -qq

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  2. (Finalmente meu review \o/ /apanha.q )
    Ahh esse Tora é muito gamante, dá vontade de roubar ele pra mim. ç3ç Você me fez gamar no Shinji. ;^; Muito linds eles juntos ;^; , Nao todo fofo ;^;. continua Hachi. <3 E desculpa pela demora do review. m(_ _)m

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